quarta-feira, 16 de julho de 2014

Tragédias escolares - O massacre de Columbine

O fenômeno School Shooting



Massacres em escolas vem sendo bastante discutidos nos últimos anos, infelizmente, é algo que ainda vemos nos noticiários. Do famoso e assustador caso de Columbine em 1999 ao mais recente caso de Realengo, cidade do Rio de Janeiro, onde um rapaz de 23 anos, vítima de bullying na infância, mata 12 alunos antes de se matar. 

Trata-se do fenômeno conhecido, em termos gerais, como School Shooting (em uma tradução aproximada: tiroteios na escola). Os school shooters (os atiradores) algumas vezes deixam claro que seu alvo é a escola (instituição) e o que ela representa, bem como a própria sociedade da qual se consideram vítimas.

Um dos mais violentos e mais conhecidos ataques desse tipo aconteceu em 20 de abril de 1999, na Columbine High School, em Littleton. Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, dois estudantes da escola, mataram 12 colegas e um professor, deixaram outras 23 pessoas feridas e cometeram suicídio, totalizando 15 mortos. A história inspirou a realização do filme "Tiros em Columbine" de Michael Moore, que ganhou o Oscar de melhor documentário em 2003.

Mas afinal o que motivou esses dois jovens a cometerem tamanha chacina?

Columbine, o primeiro massacre em uma escola americana transmitido, em grande parte, ao vivo pela TV, levou a extensas pesquisas sobre o perfil de atiradores como Harris e Klebold. Em 2002, o Serviço Secreto dos Estados Unidos e o Departamento de Educação americano apresentaram seus primeiros resultados: os atiradores em escolas não tinham um perfil definido, mas na maioria dos casos eram depressivos e se sentiam perseguidos.

A socióloga de Princeton, Katherine Newman, co-autora do livro Rampage: The Social Roots of School Shootings, disse que jovens como Harris e Klebold não eram solitários - eles apenas não eram aceitos pelos garotos que importavam. "Obter atenção ao se tornar notório é melhor do que ser um fracasso", disse.

A motivação para o ataque seria vingança pela exclusão social que os dois teriam sofrido. 

O ataque suscitou sérias discussões sobre o controle de armamentos, maus-tratos a adolescentes nas escolas e segurança nas instituições de ensino norte-americanas, e se tornou referência em relação a violência nas escolas.

Ambiente familiar e desenvolvimento psicossocial

Problemas comportamentais apresentados na infância podem persistir na adolescência e na vida adulta, e os pais têm grande participação nesse processo. O psicólogo Urie Bronfenbrenner propôs a teoria em que o desenvolvimento humano considera os relacionamentos dentro dos sistemas ambientais dos quais a criança participa. De acordo com essa teoria a família é o primeiro ambiente da criança e dentro desse microssistema, as primeiras interações sociais ocorrem em forma de díades (mãe-filho, pai-filho, etc.). Com o passar do tempo essas relações vão se expandindo, permitindo à criança novas interações. O microssistema familiar é a maior fonte de afeto, segurança, proteção e bem-estar, proporcionando o importante senso de permanência e estabilidade nos primeiros anos de vida. O senso de permanência diz respeito à segurança de que os elementos centrais da experiência de vida são estáveis e organizados dentro das rotinas diárias familiares. A estabilidade se define pela segurança das relações entre pais e filhos, e pela expectativa de que mesmo em situações de estresse não haverá ruptura nos relacionamentos. Assim, a ausência de interações saudáveis entre pais e filhos poderia afetar o desenvolvimento das crianças e sua preparação para a vida social dos anos posteriores.

A influência da mídia

Estudos sobre os efeitos dos modelos apresentados pela mídia no comportamento de crianças têm mostrado que este é um fator significativo. Crianças e adolescentes podem tornar-se menos sensíveis à dor alheia ou podem sentir-se amedrontados após a exposição a programas violentos na televisão. Um relatório da da American Psychological Association cita que programas infantis freqüentemente apresentam até vinte cenas contendo agressões, a cada hora.

Não se pode esquecer, ainda, que hoje são comercializados jogos nos quais é possível escolher desempenhar o papel do bandido ou do mocinho, como é o caso do jogo Counter-Strike, ou jogos em que o jogador recebe pontos por infringir algumas regras sociais importantes tais como regras de trânsito (incluindo pontuação para o jogador por atropelar pedestres) como é o caso do jogo Carmageddon.

Ambientes sociais inadequados e o desenvolvimento de psicopatologias

Apesar dos dados que sugerem fortes influências do meio-ambiente familiar e da mídia na formação inadequada dos jovens atiradores, é importante evitar explicações deterministas. Cada um dos fatores identificados deve ser compreendido como parte de uma complexa rede de variáveis, boa parte delas de origem social.

Há um perfil característico dos estudantes atiradores (nem psicológico nem demográfico): a dificuldade dos atiradores em lidar com perdas significativas e falhas pessoais, interesse por mídia violenta (filmes, jogos, livros e outros), o fato de terem sido ou estarem sendo vítimas de perseguições e humilhações de colegas, a manifestação de comportamentos anteriores que sinalizavam que eles precisavam de ajuda, dentre outros.

(Timoteo Madaleno Vieira, revista Psicologia: reflexão e crítica - Artigo na íntegra: http://migre.me/k4AnI)
(Portal G1)
(Portal Terra)

Lei Maria da Penha contra o filho

STJ admite aplicação preventiva da Lei Maria da Penha em ação cível.

Saiba mais sobre o caso: http://bit.ly/1ntAgoG #LeiMariadaPenha


terça-feira, 15 de julho de 2014

A necropsia de Napoleão Bonaparte

Sal na comida pode ter sido o veneno



Esqueça a história de envenenamento. Tudo leva a crer que Napoleão Bonaparte, o imperador que governou a França com mão de ferro em dois períodos, entre 1804 e 1815, padeceu da mesma doença que no ano passado matou 650 mil pessoas no mundo: câncer de estômago.

Para muitos historiadores, a hipótese de assassinato sempre fez sentido. Afinal, os adversários políticos de Napoleão temiam que ele desse um jeito de escapar da prisão, na ilha de Santa Helena, e retomasse o poder - do qual abdicara após a derrota para ingleses e prussianos na Batalha de Waterloo. Na verdade, é bem capaz que o próprio imperador preferisse uma morte assim, cinematográfica. Ela combinaria bem mais com seu ego - que, segundo dizem, foi ainda maior que a ambição de conquistar a Europa. Durante décadas, apostou-se na possibilidade de Napoleão ter sido envenenado com arsênico, substância encontrada em seus fios de cabelo (preservados e analisados anos após sua morte, em 1821). O veneno teria sido gradualmente adicionado a tudo que o preso comia e bebia, sem que ele percebesse.

O enredo é ótimo, mas parece não ter fundamento. Hoje, acredita-se que a origem do arsênico encontrado em seus cabelos era outra: na época de Napoleão, pequenas quantidades dessa substância costumavam ser usadas na fabricação de vários produtos, como tônicos capilares, remédios e até papel de parede.

Autópsias rigorosas

Segundo Robert Genta, professor de patologia da Southwestern Medical School, nos EUA, o que realmente matou Napoleão foi mesmo um "trivial" câncer de estômago. Genta estudou inúmeros documentos sobre a morte do imperador, principalmente as anotações do cirurgião François Antommarchi, responsável por duas rigorosas autópsias. Os manuscritos falam de lesões nas paredes do estômago e da presença, em todo o órgão, de um material "que lembrava grãos de café". Para o patologista, são evidências de sangramento decorrente do câncer.

Genta comparou as descrições feitas por Antommarchi com 135 casos atuais de pacientes com câncer de estômago, e concluiu que o mal de Napoleão Bonaparte só poderia ser esse. "É muito difícil [para não dizer impossível] precisar a causa da doença", diz o professor. "Ela pode ter sido provocada, entre outros fatores, até por uma predisposição familiar. Mas os soldados da época, inclusive o imperador, comiam muitos alimentos preservados em sal, riquíssimos em nitritos. E é sabido que esse tipo de comida aumenta o risco de câncer gástrico."

(Ivonete Lucirio, para Superinteressante)

Declaração de Óbito



A Declaração de Óbito é um documento público, padronizado, impresso pelo Ministério da Saúde e de distribuição gratuita.

Cada formulário possui 3 vias. No Rio Grande do Sul, tanto a 1ª via (branca) para fins estatísticos quanto a 2ª via (amarela) devem ser entregues aos familiares para possibilitar o registro em cartório e o sepultamento (a Secretaria Municipal de Saúde retira a 1ª via depois no cartório), a 3ª via (rosa) deve ser retida e armazenada pelo estabelecimento de saúde, pelo serviço de verificação de óbitos ou pelo IML.

A Declaração de Óbito deve ser preenchida para todos os óbitos, inclusive os fetais, independente do local de ocorrência (estabelecimentos de saúde, domicílios ou outros locais).

O óbito é considerado fetal quando a duração da gestação é igual ou superior a 20 semanas, ou peso do feto é igual ou superior a 25 cm. Em qualquer dos casos deve haver emissão de DO.

A descrição das causas de morte

A Causa Básica é definida como "a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que conduziram diretamente à morte, ou as circunstâncias do acidente ou violência que produziram a lesão fatal) (OMS, 1996).

A frase "devido ou em consequência de" impressa abaixo de todas as linhas existe, exatamente, para relacionar o evento da linha anterior ao da subsequente.

Exemplo 1: Falecimento de homem com traumatismo crânio-encefálico como consequência de acidente de trânsito. A causa básica será acidente de trânsito.
Linha a: Traumatismo crânio-encefálico
devido ou em consequência de
Linha b: Acidente de trânsito

Exemplo 2: Paciente tinha febre tifóide e apresentou perfuração intestinal, falecendo em consequência de peritonite. Neste caso, a causa básica é a febre tifóide, e as consequências ou complicações são a perfuração intestinal e a peritonite (sendo esta a causa terminal).
Linha a: Peritonite
devido ou em consequência de
Linha b: Perfuração intestinal
devido ou em consequência de
Linha c: febre tifóide

História da DO

Até o final do século XiX, casa país possuía um modelo diferente de atestado de óbito, fato que fez com que a Organização de Saúde da Liga das Nações criasse um modelo internacional, que a partir de 1950 passou a ser utilizado por todos os países. O Brasil, em 1976, adotou uma Declaração de Óbito padronizada em todo o território nacional tendo por base o modelo internacional de atestado de óbito.

Declaração de Óbito X Certidão de Óbito

Não confunda! São documentos diferentes!

A certidão de óbito é um documento público emitido por um Cartório de Registro Civil, cujo conteúdo é extraído daquilo que foi registrado no livro de assentamento (que fica sempre no cartório).

Uma certidão de óbito pode ser emitida no Brasil em dois formatos: em breve relato, que traz os dados principais inscritos no livro de assentamento ou em inteiro teor, que reproduz tudo o que foi escrito no livro.

A Declaração de Óbito, como vimos, também chamada popularmente de atestado de óbito, é o documento médico que declara o término da vida de um indivíduo, apontando também as causas que ocasionaram a morte.

(Resolução Nº 160/09 - CIB/RS, Secretaria de Saúde do Estado do rio Grande do Sul)
(Manual de instruções para o preenchimento de declarações de Óbito do Ministério da Saúde)

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Cesare Lombroso e a fisionomia do criminoso



Criminologia

O italiano Cesare Lombroso (1835-1909) foi médico, psiquiatra, antropólogo e político e é considerado um dos pais da criminologia, com seu livro "O homem delinquente" de 1876. Ele desenvolveu uma teoria bastante peculiar sobre o criminoso: que ele teria certas características físicas próprias. 

Olha só como seria um criminoso para Lombroso:

Para começar, os criminosos seriam mais altos que a média (e isso significava 1,69m na Veneza e 1,70 na Inglaterra), teriam crânios menores que os dos homens “normais” e maiores do que os crânios dos “loucos”, além de uma aparência desagradável, mas não deformada, sendo que estupradores e sodomitas teriam feições feminilizadas.

Outras características comuns seriam orelhas de abano, nariz adunco, queixo protuberante, maxilar largo, maçãs do rosto proeminentes, barba rala, cabelos revoltos, caninos bem desenvolvidos, cabelos e olhos escuros. Ladrões teriam olhar esquivo, já os assassinos um olhar firme e vidrado. Seriam ainda especialmente insensíveis à dor.

Teriam preferência por tatuagens o que provaria sua insensibilidade à dor. Os locais preferidos para tatuagens em geral (não necessariamente entre criminosos) seriam os ombros, o peito (marinheiros) a parte interna do braço e os dedos (mineiros). Criminosos teriam tatuagens nas costas ou nos genitais, muitas vezes denotando uma gangue ou imagens obscenas. Criminosos seriam ainda infantis, empáticos e extremamente vaidosos (a ponto de facilitar o trabalho de seus perseguidores) e um senso de moral extremamente apurado. Suas paixões exacerbadas que levariam a reações desproporcionais e criminosas às ações mais triviais. Isso sem contar seu interesse antinatural pelo mórbido.

Entre as mulheres, o que denotaria o potencial criminoso seria uma certa masculinidade nos traços e na voz, causados por um excesso de pelos corporais, verrugas, cordas vocais grossas com relação à laringe, mamilos pequenos ou muito grandes e mesmo sua forma de escrever. As mulheres criminosas seriam em geral mais cruéis que os homens, e possuiriam vitalidade, reflexos e força incomuns.

Hoje em dia, a maior parte de suas conclusões soam preconceituosas e tendenciosas, mas em sua época, Lombroso foi bastante respeitado e influente (inclusive no Brasil), sendo um retrato dos preconceitos sociais da Europa no século XIX, algo muito característico de seu tempo. 

Para refletir:

O autor determinou seis tipos de criminosos: o nato, o louco moral, o epiléptico, o louco, o ocasional e o passional. No entanto, as características encontradas por Lombroso eram basicamente do negro, imigrante na Itália. A tal “face” criada pelo autor se confundia com a figura afro, fato que tachou sua tese como racista.

Cesare foi um pioneiro, um estudioso renomado, mas apesar de sua teoria ter caído em desuso, tachar alguém de “marginal” é algo presente em nossa sociedade até os dias atuais. Ao contrário do autor que usava o formato do crânio, mandíbula, ente outros para formar sua opinião, hoje as características são outras. O local de sua moradia, suas vestimentas, a forma de andar..., os aspectos físicos determinados por Lombroso foram substituídos por aspectos sociais.

(Yuri Carvalho Nazareth e Carolina Carneiro Rodrigues, para revista DomTotal)
(Renato M.E. Sabbatini, PhD, para Portal Cérebro e Mente)
(Blog Construindo Victória)

Falsificar atestado médico é crime!

Fique atento ao Código Penal: http://bit.ly/1dqm1Rx.


domingo, 13 de julho de 2014

Psicopatia infantil



“Não é fácil a sociedade aceitar a maldade infantil, mas ela existe; essas crianças não têm empatia, isto é, não se importam com os sentimentos dos outros e não apresentam sofrimento psíquico pelo que fazem. Manipulam, mentem e podem até matar sem culpa.”

A fala acima, do psiquiatra Fábio Barbirato, chefe da Psiquiatria Infantil da Santa Casa no Rio de Janeiro, pode parecer assustadora, e realmente é. Ela toca em um assunto delicadíssimo: a psicopatia infantil. A maioria das pessoas não sabem, mas existem sim crianças psicopatas. Elas não respeitam os pais, chantageiam, roubam, mentem, manipulam, maltratam irmãos e amiguinhos, torturam animais, e até, matam.

Segundo uma pesquisa da Asso­cia­ção Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 3,4% das crianças apresentam problemas de conduta como mentir, brigar, furtar e desrespeitar. A crueldade com animais é outra das características em crianças e adolescentes a que os médicos mais chamam a atenção para diagnosticar o transtorno de conduta. Se for recorrente e estiver aliado a mentiras frequentes, furtos e agressões, por exemplo, esse comportamento pode ser bem preocupante.

Uma criança não pode ser considerada psicopata com base no critério do DSM-IV, e só o diagnóstico de Transtorno da Personalidade Anti-Social pode lhes ser aplicado. Neste período, de acordo com certos comportamentos antissociais, a criança pode ser diagnosticada com Transtorno de Conduta. 

Como o diagnóstico de psicopatia é um tanto complexo, aqueles que convivem com uma criança que apresentam certas características devem procurar um auxílio psicológico para trabalhar com o transtorno. Algumas destas características são: mentiras frequentes, crueldade com colegas e irmãos, baixíssima tolerância à frustração, ausência de culpa ou remorso e falta de constrangimento quando pegos mentindo ou em flagrante. Os pais devem ficar em alerta caso essas características comportamentais ocorram de maneira repetitiva e persistente em crianças e adolescentes. É possível que os filhos apresentem transtorno de conduta e sejam candidatos à psicopatia quando se tornarem adultos.

Cabeça de criança é diferente da de um adulto - e precisa ser tratada como tal. Antes dos 7 anos ela ainda não tem a capacidade de julgamento totalmente formada, ou seja, a consciência do que pode ou não pode fazer. Simplesmente vai lá e faz. Pais, familiares e educadores vão dando os limites e assim ela os aprende - ou não. "Quando um garoto de 6 anos coloca o gato no micro-ondas, ele não sabe o que faz. Já, se isso acontecer com um garoto de 8 anos, será mais preocupante", diz Francisco Assumpção Júnior, psiquiatra infantil, professor da Faculdade de Medicina e do Instituto de Psicologia da USP.

(Mariana Sgarioni, para Superinteressante)
(Blog O aprendiz verde)
(Blog Comportamento criminoso)