quarta-feira, 18 de junho de 2014

Armas

Muitos séculos já se passaram desde a aparição das armas de fogo. De lá até hoje, esses instrumentos sofreram significativas mudanças: surgiram novos modelos e novos sistemas de operações. Evoluíram de uma máquina térmica simples para artefatos bem mais complexos e precisos. A grande variação de espécies, de modelos, de dimensões, de sistemas operacionais de maior ou menor “poder lesivo” existente hoje impacta diretamente na tarefa de classificação. 

Há ainda que se considerar as armas atípicas – frutos de combinações de espécies de armas diferentes, de sistemas operacionais distintos –, que acabam por tornar a tarefa de classificá-las e descrevê-las mais árdua. 



A arma que aparece na imagem é um revólver de sistema Lefaucheaux, de armação fixa, tambor fixo e municiamento por meio de janela lateral. Seu cano raiado forma uma peça única com uma faca. 

A pólvora, elemento sem o qual não existiria a arma de fogo, é uma invenção atribuída aos chineses; no entanto, o seu emprego como agente para impulsionar um projétil através de um cilindro oco surge muito tempo depois – a utilização e difusão desse invento são atribuídas aos árabes, os grandes comerciantes da Idade Média. 

Para alguns autores, as primeiras armas de fogo aparecem, ainda que de forma precária, nas cruzadas e na expansão do Império Otomano, quando foi utilizada por algum dos povos muçulmanos. 

O que são armas?

De forma geral, é possível entender armas como: 
“todo instrumento, máquina ou meio utilizado pelo homem para ofender ou defender-se”. (BARBERA & TUREGANT, 1998)

Na legislação brasileira, o Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000, apresenta a definição de arma: 
“artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos e coisas.” (art. 3º, inciso IX, anexo) 

Inúmeros métodos para a classificação de armas têm sido utilizados. Entre eles, aquele que apresenta maior interesse para a justiça e criminalística é a classificação por força motriz (energias), principalmente as ocasionadas pelos meios mecânicos de acordo com as características que imprimem às lesões. Assim, classificam-se as armas, em: - Perfurantes – A exemplo dos pregos, agulhas, floretes, furadores de gelo; - Cortantes – Bisturis, navalhas ou mesmo as facas quando agem pela pressão ou deslizamento do gume; - Contundentes – As mãos e pés quando desferem socos e chutes, paus, pedras, bengalas; - Perfurocortantes – Armas que ao mesmo tempo exercem a ação de perfurar e cortar; - Perfurocontundentes – Têm-se como exemplo os dentese os projéteis de armas de fogo; - Corto-contundentes – A exemplo dos machados e facões. 

No campo da balística forense, os que apresentam interesse são os instrumentos perfurocontundentes, ou seja, aqueles instrumentos que apresentam simultaneamente a ação de perfurar e contundir, ação exercida pelos projéteis das armas de fogo. 

Importante! 
A ação de perfurar e contundir não é exclusiva dos projéteis de armas de fogo; as chaves de fenda, projéteis de carabinas de pressão, entre outros, também a realizam. No entanto, os projéteis de armas de fogo são os principais instrumentos perfurocontundentes.

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Lei da mulher

domingo, 15 de junho de 2014

Dependência química

Apesar de existir uma enorme variedade de explicações teóricas para as causas da dependência de álcool, nicotina e outras drogas, há um conceito unânime: dependência é uma relação alterada entre um indivíduo e seu modo de consumir uma substância. Essa relação alterada é capaz de trazer problemas para o seu usuário. Muitos indivíduos, porém, não apresentam problemas relacionados ao seu consumo. Outros apresentam problemas, mas não podem ser considerados dependentes. Por último, mesmo entre os dependentes, há diferentes níveis de gravidade.
 
 Portanto, buscar um conceito sobre dependência a substâncias psicoativas não se completa pela constatação de sua presença ou ausência. Mais do que saber se ela está lá, é preciso identificar e determinar seu grau de desenvolvimento. Além disso, é preciso entender como os sintomas observados são moldados pela personalidade dos indivíduos e pelas influências sócio-culturais.
 
O conceito atual dos transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas rejeitou a ideia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade e gravidade ao longo de uma linha contínua (foto).
 
 
Não existe um consumo absolutamente isento de riscos. Quando este é comedido e cercado de precauções preventivas, é denominado consumo de baixo risco. Quando o indivíduo apresenta problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e psicológicos (heteroagressividade) relacionados estritamente àquele episódio de consumo, diz-se que tais indivíduos fazem uso nocivo da substância. Por fim, quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou psicológicos, fala-se em dependência.
 
(Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein)

Lesão corporal



Saiu no jornal Folha de São Paulo (17/8/11):

“O delegado da Polícia Civil Damasio Marino, que agrediu um cadeirante em São José dos Campos (91 km de SP), em janeiro, foi condenado ontem a três meses de detenção em regime aberto.
A pena foi convertida em prestação de serviço comunitário por um ano (…)
A agressão ocorreu após o delegado estacionar em vaga para deficientes, levando o cadeirante a tirar satisfação com ele. A sentença do juiz confirmou a versão de que ‘foram só dois tapas’ que Marino deu no cadeirante, após levar duas cusparadas”

O crime pelo qual o delegado foi condenado é o crime de lesão corporal. O interessante desse crime é que ele é dividido em quatro níveis. Mas esses níveis são definidos não pelo que foi feito, mas das consequências do que foi feito. Parece estrando, mas é isso mesmo. Não importa se você bateu muito ou pouco: o que importa são as consequências na vítima. Se você bateu pouco mas as consequências são graves, o crime se torna mais grave; já se você bateu muito mas a vítima não sofreu consequências graves, o crime se torna mais brando.

E quais são esses 4 níveis?
1 - Simples, ou leve
2 - Grave
3 - Gravíssima
4 - seguida de morte


Em outras palavras, se você bate exatamente da mesma forma e com a mesma violência em duas vítimas, mas a primeira é mais resistente e sofre consequências mais brandas (por exemplo, dá a luz mais cedo do que deveria), enquanto a segunda é mais frágil e sofre consequências piores (por exemplo, um aborto), o crime praticado contra a segunda será um crime mais grave do que aquele praticado contra a primeira, independente de sua intenção de querer bater nas duas da mesma forma.

O tipo (gravidade) do crime é definido, portanto, pelas consequências sofridas pela vítima, e não pela violência empregada pelo agressor. Para o legislador, é como se houvesse sempre uma correlação direta entre grau de violência e a consequência da violência.

Por fim, vale lembrar que esse crime também existe na modalidade culposa, ou seja, machucar alguém sem querer também é crime, com pena que vai de 2 meses a 1 ano, não importando as consequências (mas lembre-se que se a pessoa morrer não será lesão corporal culposa, mas homicídio culposo).

(Coluna Para entender direito, Folha de S. Paulo)

sábado, 14 de junho de 2014

Você conhece o Código de Ética Médica?


O atual Código de Ética Médica (está em sua 6ª edição) entrou em vigor em 2010, através da resolução nº 1931 do Conselho Federal de Medicina.

É um conjunto de normas de conduta ética e profissional a qual submete todos os médicos inscritos no país. Está dividido em princípios fundamentais ao exercício da medicina, normas diceológicas (direitos do médico) e normas deontológicas (deveres do médico).

"Todas as profissões estão submetidas a controle da conduta moral de quem as exerce, com base em código de comportamento ético-profissional e mecanismos de fiscalização. São regras que explicitam direitos e deveres."

(Roberto Luiz d’Avila - Presidente do CFM)

Confira o Código na íntegra: Código de Ética Médica

Número de homicídios de jovens cresce 346%


Um levantamento do Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, com base no Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde, mostra que o número de homicídios contra crianças e adolescentes até 19 anos entre 1980 e 2010 cresceu 346%. 

O Estado mais violento para os jovens é Alagoas, com 34,8 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes. O mais seguro é o Piauí, com 3,6 casos registrados para cada 100 mil. O Rio Grande do Sul ocupa a 21ª posição com 9,5 casos para cada 100 mil. 

Evolução das mortes violentas

Em 30 anos, houve um salto no número de homicídios, que passou a ser o principal motivo de morte violenta entre jovens, com 13,8 óbitos em cada 100 mil. Os acidentes de trânsito também aumentaram, assumindo o segundo lugar em número de mortes, com 8,7 a cada 100 mil. 

Homicídios

Em 2010, o Brasil registrou 8.686 homicídios contra crianças e adolescentes, representando um crescimento de 375,9% em relação aos números de 1980. A situação se agravou na década de 1990, quando o País registrou um aumento de 62% no número de mortos em relação à década anterior. A partir do ano 2000 o crescimento foi menor, mas continua-se matando mais a cada ano. Entre 2001 e 2010, mais de 84 mil crianças e adolescentes foram mortas, um crescimento de 6,8%.

(Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil, do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz)
(Portal Terra)

sexta-feira, 13 de junho de 2014

O que é uma ação penal pública?

É o processo penal que depende de iniciativa do Ministério Público (através do promotor de justiça ou do procurador). Ela sempre se inicia por meio da denúncia, que é a peça inicial do processo.

Ela se contrapõe à ação penal privada, onde a iniciativa para propor a ação não pertence ao poder público, mas ao particular, que oferecerá queixa.

Um exemplo de denúncia por meio do Ministério Público é a oferecida no Caso Bernardo.

CSI: 4 coisas que você não sabia sobre a investigação forense

Saiba um pouco mais sobre quatro ferramentas utilizadas por esses profissionais na vida real



Se você é fã de séries como CSI, Bones e NCIS, e até já se interessou em se tornar um agente como os dos programas, primeiro você precisa saber que o cotidiano desses profissionais não é tão emocionante como o que vemos na TV. Na verdade, os agentes passam muito mais tempo escrevendo relatórios do que vasculhado cenas de crimes ou nas ruas capturando bandidos, e muitas das tecnologias que aparecem nos episódios nem sequer existem.

Contudo, isso não significa que algumas coisas que vemos nos seriados não sejam reais ou que o cotidiano dos investigadores forenses seja uma chatice! A seguir você pode conferir quatro ferramentas que esses profissionais usam durante as investigações:

1 – Luminol



Sabe quando os investigadores dos seriados usam aquela substância química mágica que torna alguns fluídos corporais visíveis sob a luz negra? Então, esse composto existe de verdade e consiste em um pó que, depois de misturado com um reagente específico, brilha com uma intensa coloração azul quando entra em contato com a hemoglobina.

Assim, o luminol é uma ferramenta extremamente útil, já que permite que os agentes detectem a presença de sangue — mesmo em quantidades minúsculas — em locais pouco visíveis e até mesmo áreas que foram lavadas anos antes. Contudo, a substância deve ser usada com cuidado, pois pode destruir a evidência totalmente, sem contar que pode reagir quando em contato com outros compostos, como a urina e o cobre.

2 – Necropsia digital



Outra coisa que você já deve ter visto em algum episódio foi a análise digital de cadáveres. Efetivamente, embora ainda não esteja disponível em todos os locais, essa proposta pode se tornar uma alternativa válida em breve. Isso porque, as necropsias podem ser muito traumáticas para as famílias das vítimas, sem falar que algumas culturas e religiões banem esse procedimento.

Nesse sentido, a Universidade de Leicester, na Inglaterra, desenvolveu um método baseado na injeção de uma substância reagente através de uma pequena incisão no pescoço que permite o mapeamento de todos os vasos sanguíneos por da tomografia. O procedimento permite determinar a causa da morte com um índice de 80% de precisão, e se o homicídio for descartado, a necessidade de dissecar o corpo é dispensada.

Além de menos invasivo e traumático, o procedimento também oferece mais segurança para a equipe médica, já que assim evita-se o contato com material potencialmente infeccioso. E mais: caso seja necessário, o exame pode ser realizado com tecnologia tridimensional.

3 – Kits de investigação



Sabe quando os investigadores entram em cena com aqueles kits para coletar possíveis evidências dos corpos? Na vida real eles também existem, já que as vítimas também fazem parte da cena do crime. No entanto, apesar de parecer que tudo ocorre em um piscar de olhos, os examinadores chegam a passar entre quatro e seis horas documentando cada marquinha e laceração, coletando material sob as unhas, fibras sobre a pele, mucosas etc.

E, assim como nos seriados, nem sempre a vítima está morta! Portanto, embora seja imprescindível e realmente leve à captura de muitos criminosos, o exame pode ser extremamente traumático. Ainda assim, os kits continuam sendo melhorados, e hoje os investigadores inclusive contam com uma substância fluorescente que permite localizar áreas do corpo com lacerações com maior facilidade e rapidez.

4 – Amostras de DNA



Os exames de DNA também são outra ferramenta que pode ajudar os investigadores da vida real a capturar criminosos. No entanto, a coisa não é tão simples como vemos nos seriados, pois as amostras podem ser facilmente contaminadas. Aliás, existe um caso bem interessante ocorrido na Alemanha que ilustra esse tipo de dificuldade. Durante mais de 15 anos, as autoridades ficaram à caça da serial killer mais procurada do país.

Tudo começou com o assassinato de uma policial na cidade de Heilbronn, seguido pela morte de outras seis vítimas em locais aleatórios e diversos roubos. Embora a tal criminosa tenha conseguido escapar sem ser pega de mais de 40 cenas de crimes, os investigadores tinham diversas amostras de seu DNA guardadas em seu banco de dados, e elas apontavam que se tratava de uma mulher.

A surpresa ocorreu em 2009, durante a investigação sobre um homem que havia cometido suicídio. Ao tentar determinar a identidade do falecido, os policiais detectaram o DNA da serial killer nos documentos do morto. Isso os levou a descobrir que, na verdade, os kits utilizados para coleta das evidências havia sido contaminado acidentalmente por uma moça — inocente — que trabalhava na fábrica que produzia os “cotonetes” usados pelos investigadores.

(Maria Luciana Rincon, para Megacurioso)

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Os serial killers mais famosos da história

Conheça os principais assassinos seriais da História, incluindo alguns que chegaram a inspirar filmes. As mulheres também participam da lista.




Assassinos seriais são criminosos que matam pessoas de acordo com determinados padrões, como características que ativam algum comportamento psicológico ou que interessam ao assassino. Normalmente, o modo de atuação ou o método usado para matar as vítimas também se repete nos assassinatos.

1. Jack, o estripador

Responsável pelo assassinato de prostitutas na área de Whitechapel, durante o ano de 1888, em Londres, Jack nunca teve sua identidade revelada. Entretanto, se tornou um dos assassinos seriais mais famosos da história. Suas vítimas tinham os órgãos internos removidos de maneira praticamente cirúrgica.

Foto de um jornal da época anuncia mais uma morte feita por Jack, o estripador:


2. Ed Gein

Este cruel assassino foi usado como base para a construção do personagem “Bufallo Bill”, do filme “O silêncio dos inocentes”. Ed Gein não só matava, como também removia a pele de suas vítimas, exumava corpos e decorava a casa com partes dos cadáveres. A pele dos mortos também era usada para fazer roupas e móveis. Ed Gein morreu em 26 de julho de 1984, em um hospício.

3. Assassino do zodíaco

Mais um nome da lista que nunca foi capturado. Responsável por cinco assassinatos confirmados durante a década de 60, no norte da Califórnia. Porém, o serial killer afirmava ter matado 37 pessoas e deixou cartas codificadas que até hoje não foram decifradas completamente.

Ainda hoje o FBI recebe denúncias de pessoas que podem ser o verdadeiro assassino do zodíaco, mas nunca chegou a uma conclusão concreta. Livros e filmes já contaram essa história de mistério muitas vezes.

4. Charles Manson

Esse assassino serial atingiu um patamar de maldade que poucos conseguiram. Líder de uma seita hippie em São Francisco, em 1967, Manson abrigava, em geral, pessoas que se revoltavam contra os pais ou possuíam problemas emocionais muito profundos. Com isso, Manson convenceu muita gente a liberar seus instintos assassinos e a roubar os mais ricos para levar dinheiro para sua seita. Normalmente, eles escreviam mensagens com o sangue das vítimas nas paredes do local onde o assassinato ocorreu.

5. Albert Fish

Sequestrador, estuprador e canibal com um longo histórico de insanidade na família. Chegou a enviar carta para os familiares de uma de suas vítimas, contando detalhes de como a devorou. Foi executado na cadeira elétrica.

6. Mary Ann Cotton

Inglesa que matou mais de 20 pessoas, incluindo seus próprios filhos, com arsênio. É a assassina serial mais conhecida de todos os tempos. Matou três maridos, um amante e diversas crianças para obter dinheiro do seguro. Foi enforcada em 24 de março de 1873.

7. Marybeth Tinning

Conhecida por ter matado nove de seus filhos por estrangulamento, levando-os ao hospital quando já estavam praticamente mortos. Passou despercebida durante muito tempo pelas autoridades, já que acreditavam que as vítimas morriam por condições genéticas da família. Quando a mesma “fatalidade” aconteceu com uma criança adotada, os doutores passaram a suspeitar de Marybeth. Foi sentenciada à prisão perpétua em 17 de julho de 1987.

8. Mary Bell

A terceira mulher desta lista com o nome de Mary estrangulou duas crianças de quatro e três anos quando ainda era, também, criança, tendo apenas 10 anos. Conta-se que a vida de Mary Bell foi muito sofrida, já que sua mãe, uma prostituta bêbada bastante cruel, proporcionou diversos eventos traumáticos durante o seu crescimento.

(Felipe Arruda, para Megacurioso)

Mortes estranhas na história - Ésquilo (456 a.C.)



Ele foi um dramaturgo e poeta grego. Escreveu inúmeras peças de teatro e é reconhecido como o pai da tragédia. 

Mas tragédia mesmo foi o jeito que ele morreu: Traumatismo craniano causado por uma tartaruga (?!). 

O poeta foi morto por uma tartaruga (ou jabuti), onde o animal caiu das garras de uma águia que voava, e foi direto na cabeça de Ésquilo, causando-lhe traumatismo craniano. Como é costume as águias capturarem esse tipo de animal e lançá-los sobre uma rocha para quebrar o casco, não se sabe se se a águia soltou o animal de propósito ou se escorregou e atingiu acidentalmente a cabeça do poeta.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Lei da palmada



O Senado aprovou no dia 04 de Junho a chamada "Lei da Palmada", agora com o nome Lei menino Bernardo, que pune castigos que resultem em sofrimento físico a crianças. O texto segue para sanção da presidente Dilma Rousseff.

A aprovação ocorre depois de quatro anos de tramitação do projeto no Congresso. O texto determina que as crianças sejam educadas sem o uso de castigo físico ou "tratamento cruel ou degradante, como forma de correção, disciplina ou educação".

O projeto ganhou o nome de "Lei Menino Bernardo" em homenagem a Bernardo Boldrini, que teria sido morto pela madrasta e por uma amiga dela no interior do Rio Grande do Sul, com o suposto apoio do pai.

Além das punições já previstas pelo Código Penal, o projeto determina que os responsáveis pela criança ou adolescente que adotem condutas violentas sejam encaminhados para programas de proteção à família, tratamentos psicológicos ou psiquiátricos, e a cursos de orientação. Também há previsão de receberem advertência legal.

Caberá ao Conselho Tutelar analisar os casos e definir as medidas de punição, assim como encaminhar as crianças a tratamentos especializados.

O projeto também estabelece multa de três a 20 salários mínimos para os profissionais de saúde, assistência social, educação ou qualquer pessoa que ocupe função pública e não comunique as autoridades sobre casos de violência contra crianças que tenha conhecimento.

A maior resistência à proposta foi da bancada evangélica, que defende a autonomia dos pais para educarem seus filhos. 

"Um tapa na bunda, colocar de castigo ou cortar mesada? Não existe receita pronta que exista para todos. Correção não tem ligação nenhuma com violência", afirmou Malta.

Em defesa do projeto, a senadora Ana Rita (PT-ES), relatora, argumentou que seu principal objetivo é estimular as famílias a não usarem da violência com as crianças. "A ação primordial desta lei é proteger meninas e meninos de tratamento degradante."

Gabriela Guerreiro, para Folha de São Paulo
(Texto completo em http://migre.me/jE1Oz )

E você, é contra ou a favor? Opine.

A dama e a morte

Tempo da morte



É possível determinar a hora em que alguém morreu, analisando o corpo horas depois? A resposta é: sim. E existe um ramo da medicina legal que estuda exatamente isso: é a cronotanatognose.

A cronotanatognose é uma palavra pra lá de esquisita derivada do grego que significa estudo do tempo da morte. Ela é responsável pelo estudo de formas de determinação da morte e o tempo decorrido entre seu acontecimento e a realização do exame necroscópico, fazendo, por exemplo, a determinada estimativa do tempo transcorrido.

Existem sinais e fases que o cadáver vai passando ao longo do tempo até que ele se decomponha por completo. E cada um destes sinais e fases ocorre num intervalo de tempo mais ou menos padrão, o que permite supor a hora em que ocorreu a morte.

Estes sinais podem ser:

1 - Fenômenos imediatos, que são aqueles que insinuam a morte, cuja cessação da atividade cerebral é marco do diagnóstico da morte, podendo ser: 
- Perda da consciência;
- Perda da sensibilidade;
- Perda da mobilidade e tono muscular 
- Cessação da respiração;
- Cessação da circulação;
- Cessação da atividade cerebral.

2 - Fenômenos consecutivos, que iniciam imediatamente no momento da morte, que retratam a realidade da morte:
- Algor mortis (resfriamento do corpo)
- Livor mortes (manchas arroxeadas nas partes mais próxima do solo no cadáver)
- Rigor mortis (rigidez do corpo)

3 - Fenômenos transformativos, ou seja, o processo de transformação do cadáver, podendo se dar de forma destrutiva ou conservadora. É nessa fase que se encontram os cadáveres em estágios de decomposição.

O que é o corpo de delito?



É o conjunto de todas as provas de um ato, uma infração. É um conjunto de vestígios materiais resultantes da prática criminosa.

Temos a tendência de achar, pelo nome, que se trata apenas de um corpo humano, mas na verdade vai muito além, sendo tudo o que remete ao crime praticado, podendo ser um pedaço de roupa ou um projétil encontrado na cena do crime, por exemplo.

E como é feito o exame de corpo de delito em uma pessoa?

Depende do caso, pois não existe um exame de corpo de delito padrão. Como o objetivo é detectar lesões causadas por qualquer ato ilegal ou criminoso, ele pode ser aplicado em diversas situações, como após uma batida de carro, em casos de agressão ou quando um detento é transferido de presídio. 

O exame também é uma prova fundamental para esclarecer casos de tentativa de suicídio, homicídio e estupro. "A vítima é analisada minuciosamente e todas as lesões encontradas são descritas com fidelidade", diz a médica Maria Bernadete Cury, do Núcleo de Perícias Médico-Legais de Ribeirão Preto (SP). 

O único profissional habilitado a realizar esse exame é o médico legista. O procedimento precisa ser solicitado por uma autoridade, como um delegado ou promotor. O médico legista procura responder a perguntas básicas, que investigam a extensão e a gravidade dos danos físicos e psicológicos causados à vitima. 

Ele deve tentar descobrir também como as lesões foram provocadas e se houve requintes de crueldade, como o uso de fogo, asfixia ou envenenamento. São levadas em conta ainda as conseqüências dos ferimentos, desde a incapacidade temporária para trabalhar até uma deformidade permanente. As lesões são classificadas como leves, graves ou gravíssimas. 

O laudo final é encaminhado ao promotor público e ao juiz, que usarão as informações no processo. 

O exame de corpo de delito também pode ser feito em pessoas mortas. Nesse caso, é feita a necropsia, que ajuda o legista a encontrar as lesões que levaram ao óbito. "Todos os casos de morte não natural, como as causadas por acidentes, homicídio e suicídio, devem passar pelo exame necroscópico", afirma Maria Cury.

Casos em que a perícia foi essencial para solucionar os crimes

Cada vez mais presente em séries de televisão e filmes, a perícia forense é comum em investigações, não com o mesmo glamour que aparece nas histórias de ficção, mas de suma importância na solução de assassinatos. 



1 - Caso PC Farias

Em 23 de junho de 1996, o empresário e ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à presidência da república, Paulo César Farias, conhecido como PC Farias, e sua namorada Suzana Marcolino foram encontrados mortos na casa de praia de PC, em Maceió. A primeira versão, dada pela polícia e corroborada pelo perito Fortunato Badan Palhares, era de que Suzana havia matado PC Farias e, em seguida, se suicidado. O motivo? Crime passional. O empresário estaria saindo com outra mulher, Cláudia Dantas.

Em 1998, a equipe dos peritos Daniel Munhoz, da Universidade de São Paulo (USP), e Genival Veloso de França, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), contestou o laudo de Badan Palhares. De acordo com a nova perícia, tanto PC quanto Suzana teriam sido assassinados. Uma divergência crucial entre as perícias se refere à altura de Suzana. Enquanto a primeira afirmava que ela tinha 1,67 m; a segunda, 1,57 m. Não é preciosismo. A altura é essencial para saber se o tiro que matou o empresário poderia ter partido de Suzana ou não.

Mas havia outras inconsistências. O revólver encontrado na cena do crime não tinha digitais. Se Suzana tivesse matado PC Farias e, depois, se matado, ela deveria estar com luvas nas mãos, o que não aconteceu. O perito Ricardo Molina, ao analisar as gravações das ligações do celular de Suzana, constatou a presença de uma terceira pessoa no local do crime.

Fatos como a família Farias ter queimado o colchão e os lençóis onde estavam os corpos menos de 72h após o crime e os seguranças de PC não terem ouvido os tiros também provocaram dúvidas a respeito da versão de assassinato seguido de suicídio. Em 18 de novembro de 1999, a polícia encerrou o inquérito sobre a morte de PC e indiciou os então seguranças e o irmão do empresário, o ex-deputado Augusto Farias. Quase 16 anos depois, o caso ainda não foi julgado.

2 - Caso Isabella Nardoni

Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi morta na noite de 29 de março de 2008. A perícia concluiu que a menina foi atirada do sexto andar do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na Zona Norte de São Paulo.

A versão do pai e da madrasta afirmava que alguém teria entrado no apartamento e jogado a menina pela janela. Segundo o casal, eles teriam chegado ao prédio naquela noite com Isabella e os dois filhos, Pietro e Cauã. Alexandre Nardoni teria subido primeiro apenas com Isabella, que estaria dormindo. Depois de deixar a filha na cama, ele teria voltado até a garagem para ajudar Anna Carolina com os dois meninos. Ao voltar para o apartamento, Alexandre teria encontrado a porta aberta, a tela de proteção cortada e a menina caída no jardim do prédio.

Mas a perícia desmentiu tal versão: rastros de sangue foram encontrados na porta de entrada do apartamento do casal, na sala, no corredor e no quarto dos irmãos da menina. Havia sangue, também, na maçaneta, no carro da família, na tela de proteção e no parapeito da janela do quarto das crianças. A tela de proteção da janela estava cortada. Os laudos mostram que havia indícios de que Isabella havia sido espancada antes da queda. Não havia sinal de arrombamento do apartamento e nem de furto. A perícia revelou, também, que a menina não foi jogada pela janela agressivamente, mas de forma delicada, pelos pulsos. Havia marcas da mão e dos joelhos de Isabella logo abaixo da janela.

A defesa dos Nardoni não contestou as provas técnicas, mas sustentou que elas não comprovavam a culpa do pai e da madrasta de Isabella. Após cinco dias de julgamento, o júri condenou o casal. Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos e Anna Carolina Jatobá, a 26 anos, em regime fechado.

3 - Caso Richthofen

O casal Manfred e Marísia von Richthofen foi morto em 31 de outubro de 2002 com golpes de barra de ferro. A polícia foi chamada por Daniel Cravinhos, namorado da filha do casal, Suzane von Richthofen. Ele disse à polícia que a casa parecia ter sido assaltada.

Ao chegar ao local, a polícia encontrou apenas dois cômodos revirados, o quarto das vítimas e a biblioteca. Em um primeiro momento, a situação sugeria latrocínio – roubo seguido de morte. O crime parecia ter sido cometido por pessoas próximas à família. O casal foi encontrado com os rostos cobertos, o que, segundo os peritos, é sinal de que as vítimas conheciam os agressores. Além disso, a forma com que os papéis da biblioteca estavam no chão levava a crer que eles não haviam sido atirados de forma aleatória, mas que haviam sido colocados propositadamente. Se tivesse sido latrocínio, segundo os policiais, deveria haver sinais de arrombamento, que não foram encontrados. O fato de o alarme da casa não ter funcionado também levantou dúvidas nos investigadores.

A suspeita de que o assassino fosse íntimo da família aumentou quando a polícia descobriu que um fundo falso no armário estava revirado. Ao mesmo tempo em que os peritos examinavam a biblioteca, Suzane era interrogada. Ela contou não ter mexido na casa e disse ter visto a pasta que guardava o dinheiro da família na biblioteca cortada. No entanto, essa versão era incompatível com acena encontrada. A pasta estava de fato na biblioteca, mas com o corte virado para baixo, impossível de ser visto sem que se mexesse no objeto.

As suspeitas em relação a Suzane e ao namorado aumentaram quando policiais, dois dias após o crime, apareceram na casa dos Richthofen para uma vistoria e encontraram Suzane, Daniel e um casal de amigos se divertindo na piscina ouvindo música alta. Os telefones da casa foram grampeados e campanas foram montadas nos arredores das casas dos principais suspeitos. O fato de Christian Cravinhos, irmão de Daniel, ter comprado uma moto por US$ 3,6 mil pouco tempo depois do assassinato com 36 notas de US$ 100 pareceu um indício bastante contundente do envolvimento na morte dos pais da namorada do irmão.

Confrontados com a análise da perícia, Suzane e os irmãos Daniel e Christian Cravinhos confessaram o crime. Uma semana depois, a perita-chefe do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Jane Belucci, fez com eles a reconstituição do homicídio. O Tribunal do Júri condenou Suzane Richthofen e Daniel Cravinhos a 39 anos pelos assassinatos. Já Christian Cravinhos foi condenado a 38 anos de reclusão.

Como se identifica um cadáver pela arcada dentária?


Pela comparação entre as chapas de raios X feitas pelo dentista do suposto falecido e chapas dos dentes do cadáver tiradas exatamente do mesmo ângulo. Essas imagens são sobrepostas em computador para aferir semelhanças no formato dos dentes e eventuais trabalhos odontológicos, como restaurações, canais, coroas e próteses. “Intervenções como essas são especialmente indicadas para a identificação, pois costumam possuir um desenho geométrico bem definido e diferenciado” afirma o médico forense Malthus Fonseca Galvão, do Laboratório de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal de Brasília. De uma maneira geral, qualquer informação na ficha odontológica da pessoa pode ajudar nessa comparação – principalmente irregularidades como dentes tortos, encavalados ou espaçados. “A soma dessas características é que vai fornecer uma base segura para a conclusão dos peritos”, diz outro médico forense, Eduardo Daruge, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

No caso, porém, de o suposto falecido não ter deixado chapas de raios X, resta a alternativa de usar uma foto em que ele apareça sorrindo ou mostrando os dentes de alguma outra forma. Essa imagem é ampliada e sobreposta a uma filmagem frontal do crânio do cadáver, também para comparação do formato dos dentes. Caso não se tenha a menor ideia da identidade do morto, a única informação que a arcada dentária fornece é uma estimativa de sua idade. Pelo menos até os 16 anos, o método oferece considerável precisão, porque as etapas de desenvolvimento dentário – substituição da dentição de leite pela permanente e formação das raízes – são aproximadamente iguais para todo mundo. Já em adultos, essa análise não é nada confiável, pois os indicadores de idade passam a variar muito – um exemplo é o desgaste dos dentes, que varia conforme a alimentação.

Além de serem a estrutura mais resistente do corpo, capazes de resistir à carbonização em temperaturas de até 800°C, os dentes apresentam outra vantagem: é neles que fica preservado por mais tempo o material genético de uma ossada. Os peritos, porém, costumam deixar esse tipo de análise em segundo plano, devido ao alto custo e à dificuldade da extração do DNA dos dentes – mas isso não prejudica seu trabalho. “Consideramos a identificação pela arcada dentária tão confiável quanto a feita pelo DNA”, afirma Malthus.

(Gilberto Stam, para Superinteressante)

Necropsia


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O legista e as séries de TV

Lá está o corpo estendido no chão. Evidências mostram que a vida de alguém foi tirada prematuramente. Marcas vermelhas ao redor do pescoço sugerem que a vítima foi estrangulada. Um exame minucioso no cadáver e épossível dizer que o assassino tinha mãos grandes, e força compatível com a do suspeito. O laudo médico de um legista, nessas horas, pode ser a diferença entre a justiça ser ou não feita.

Ser legista é isso. É apontar soluções, caminhos e provas para que finalmente a vida roubada possa ser, de alguma forma, recompensada. É a profissão que faz diferença na vida (e na morte) de muitas pessoas. Afinal, eles são os responsáveis por apontar o que aconteceu no momento exato que aquele corpo cruzou a linha do descanso eterno. Interessante, não? É por isso que o mundo da ficção adora esses personagens, seu trabalho e seus dramas também.

Se há alguns anos os médicos legistas eram meros coadjuvantes nos “procedurals” de drama, hoje, eles contam com uma participação cada vez maior nessas tramas. Alguns, até estrelam suas próprias séries – caminho que já havia sido aberto em meados da década de 1970 com a primeira série cujo protagonista era um médico legista, interpretado por Jack Klugman (Quincy, M.E. – 1976-1983), mas só nos anos 90 que eles se tornaram populares. Com o sucesso cada vez maior de séries como CSI e seus spin-offs, Crossing Jordan, Silent Witness (Testemunha Silenciosa), Bones, Rizzoli & Isles, Body of Proof, os legistas e peritos ilustram um aspecto nada agradável das investigações, aquele no qual os detalhes são repugnantes, e extremamente necessários, não se resumindo apenas aos interrogatórios, perseguições e tiroteios de costume.

A vida desses profissionais e sua habilidade em determinar os rumos de uma investigação ou até um veredito enchem as histórias com enredos que prendem a atenção do telespectador. 

Rotina esta que começa sempre com uma necrópsia. O exame clínico nos restos mortais. O legista colhe materiais como DNA, órgãos e amostras de sangue e fluido para tentar reconstruir as condições de vida que a vítima se encontrava na hora da morte. O último suspiro. Nesses exames, é possível descobrir a causa e hora da morte, e até encontrar vestígios que levem até o assassino, tendo uma atuação quase sempre determinante nas investigações policiais.

(Texto de Patricia Emy)

Para assistir:

CSI: Crime Scene Investigation - Canal Sony, todas as segundas às 21h
Body of Proof - Canal AXN, todas as terças às 13h
CSI Miami - Canal AXN, segunda-sexta às 20h
CSI NY - Canal AXN, segunda-sexta às 19h


Cinema e debate - Eutanásia


A Liga Acadêmica de Medicina Legal realizou no dia 28 de Maio no Auditório da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo o projeto Cinema e Debate, com o tema Eutanásia, onde foi exibido o filme Mar Adentro, do diretor Alejandro Amenábar, e em seguida ocorreu um debate multidisciplinar com a presença dos palestrantes: Médico Juarez dal Vesco, Juiz Orlando Faccini Neto e a Psicanalista Luciana Oltramari Cezar.




Sobre o filme:

Mar Adentro
Ramón Sampedro (Javier Bardem) é um homem que luta para ter o direito de pôr fim à sua própria vida. Na juventude ele sofreu um acidente, que o deixou tetraplégico e preso a uma cama por 28 anos. Lúcido e extremamente inteligente, Ramón decide lutar na justiça pelo direito de decidir sobre sua própria vida, o que lhe gera problemas com a igreja, a sociedade e até mesmo seus familiares.

O começo do fim

Antes de virar pó, nosso corpo vira um monte de outra coisa



0 minuto
Ao contrário do que diz o clichê, ninguém "cai duro no chão" ao morrer. Como o sistema nervoso não libera mais os neurotransmissores que contraem os músculos, o cadáver fica totalmente flácido.

5 minutos
O corpo deixa de responder a estímulos externos. Não há mais respiração nem batimentos cardíacos.

1 hora
É hora do sangue parar. Primeiro, coagula o conteúdo das veias, por onde o sangue corria mais lentamente. O líquido das artérias segue a gravidade e fica perto do chão, onde a pele fica azulada.

2 horas
Sem circulação não há metabolismo. Sem metabolismo, não há calor. O corpo, que estava a 36,5°C, começa a se resfriar, 1°C por hora até entrar em equilíbrio com o ambiente.

3 horas
O corpo fica rígido quando as reservas de ATP dos músculos acabam. Quanto mais musculosa for a pessoa, mais reservas de energia ela terá, e mais vai demorar para endurecer. A primeira parte do corpo que enrijece é o rosto, que tem músculos menores. Depois, endurecem os ombros, braços e tórax.

De 5 a 8 horas
Sem oxigênio, as células das paredes dos vasos necrosam e ficam frágeis, principalmente nos capilares dos dedos, que são mais finos. Acontece a hipóstase: o sangue sai dos vasos e impregna os tecidos vizinhos.

8 horas
O corpo continua a enrijecer. Os músculos das pernas finalmente se contraem. Por causa disso, os dedos do cadáver podem estar levemente fechados e os joelhos, um pouco dobrados.

12 horas
O corpo é como uma toalha molhada no varal. Depois de um tempo, a água evapora e os tecidos se retraem. Os olhos ficam fundos, os lábios escuros, e pelos e unhas parecem crescer - mas é a pele que se retraiu.

24 horas
Um adulto de 75 quilos pode perder até 1,3 quilo de sua massa nas primeiras 24 horas, graças à evaporação de água (nada dos famosos 23 g que a ficção diz ser o peso da alma). Se o cadáver estiver no calor, ao ar livre, pode ficar seco, como carcaças de animais no deserto.

2 dias
As bactérias continuam a liberar gases, o que faz com que o corpo inche. O cheiro piora por causa da decomposição das proteínas do corpo, e um líquido avermelhado, resultado do rompimento dos alvéolos pulmonares, pode sair pela boca e narinas.

3 dias
O corpo, que até então estava rígido, volta à flacidez. Isso porque os tecidos musculares já estão se decompondo. A ordem é a mesma do endurecimento: primeiro a cabeça, depois braços e tronco e, por fim, as pernas.

Mais de 7 dias
Se o corpo estiver em um ambiente com muita umidade e temperatura alta, a gordura do corpo em decomposição reage com sais do solo (como o potássio) e o cadáver fica macio e escorregadio, como um sabão. Em seguida, o corpo começa a desaparecer até sobrarem só os ossos.

(Otavio Cohen e Karin Hueck, para Superinteressante)

A morte como ela é



Não é tão simples quanto parece: quando morremos, milhares de partes do nosso corpo estão na ativa tentando reverter o processo. E muita coisa ainda acontece depois que damos o último suspiro.

Em 1846, a Academia de Ciências de Paris aceitou que a morte significava a ausência de respiração, de circulação e de batimentos cardíacos. Mas mais de um século depois, outro francês, Paul Brouardel, concluiu que o coração não sustenta a vida sozinho. Uma pessoa decapitada pode ter batimentos cardíacos por uma hora, o que não quer dizer que ela esteja viva.

Quando surgiram os respiradores artificiais nos anos 1950, os critérios para definir o fim da vida ficaram ainda mais confusos. Ficou decidido que ele acontece quando as células do cérebro param totalmente de funcionar e desligam o tronco encefálico, a parte do sistema nervoso central que controla funções automáticas, como a respiração e a circulação. 

Na teoria, o cérebro é a placa mãe de um computador. Quando ela queima, a máquina não funciona mais, mesmo que todas as outras peças ainda estejam em bom estado. A explicação parece simples, né? Mas daí a identificar com precisão quando isso acontece é outra história.

De certa forma, a primeira definição de morte, a da ausência de circulação e respiração, não está totalmente errada. Estima-se que em 99% dos casos são as falhas no coração e no pulmão que encerram de vez a vida (só 1% dos casos tem origem na morte encefálica). Pense de novo na analogia do computador. O sistema coração-pulmão é a bateria da máquina, que garante o funcionamento das outras peças. Quando essa bateria descarrega, você pode continuar usando o computador ligado à tomada.

Por isso, para compreender a morte, é preciso entender como trabalha a nossa "bateria". O coração funciona com estímulos elétricos que provocam a contração (que joga o sangue para frente) e o relaxamento (que o enche novamente). É muito importante que esses movimentos sejam sincronizados. Se o coração bater rápido demais, não dá tempo de enchê-lo totalmente e a quantidade de sangue bombeada para o corpo diminui. Bater devagar demais também não é bom sinal, pelo mesmo motivo: vai faltar sangue para manter as condições vitais. Isso é especialmente perigoso para os pulmões. Sem sangue por lá, eles não levam mais oxigênio para as células. Sem oxigênio não há metabolismo e, bem, sem metabolismo as células morrem. Para um médico, a ausência de batimentos cardíacos é uma corrida contra o tempo. "Depois de 8 minutos, a chance é extremamente pequena", diz o cardiologista Diego Chemello, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Além das batidas irregulares, a parada cardíaca pode ser causada por um infarto, responsável por 70% das mortes súbitas no Brasil. 

Se o coração parar de bater, a circulação é interrompida na mesma hora. Nos 3 primeiros minutos, a recuperação é quase certa porque o organismo tem reserva de oxigênio e nutrientes (sim, toda a nossa vida só deixa 3 minutos de economias). Mas isso logo acaba e as células param de funcionar. As do cérebro puxam a fila. É nos neurônios que são feitas as reações químicas e elétricas mais complexas do corpo, que mais precisam de oxigênio. Para se ter uma ideia, o tecido cerebral recebe 10 vezes mais sangue que o muscular, que realiza uma função mecânica e bem menos complicada - o movimento. "Depois de 5 minutos, pode haver danos permanentes", diz o cardiologista Guilherme Fenelon. A consequência pode ser perda da fala ou dos movimentos, por exemplo. 

No fim das contas, seu corpo não foi feito para viver para sempre. No fim, o coração vai parar de bater, a respiração vai cessar e, como uma lâmpada, o cérebro vai se apagar. A vida acaba aí. Mas a morte, não. Ela está apenas começando, com uma série de fenômenos, que são estudados em uma área da medicina legal chamada tanatologia.

(Otavio Cohen e Karin Hueck, para Superinteressante)

quinta-feira, 5 de junho de 2014

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Eutanásia em São Paulo


A discussão sobre a eutanásia é polêmica. Isto porque a escolha, não só de acabar com a própria vida, mas pedir que um terceiro o faça (no caso, o médico) gera uma discussão tão abrangente, que circunda temas que vão desde a psicanálise à medicina, da religião à ética.

No Brasil a eutanásia não é permitida. Mas casos acontecem, como o do cirurgião Carlos Alberto de Castro Cotti, de São Paulo, que na publicação "Vidas em Revista", de 08 de março de 2004, foi publicada uma reportagem onde ele relata ter realizado várias eutanásias, inclusive involuntárias, em seus pacientes, desde 1959.

1° Relato - 1959:
Um paciente com icterícia, que não conseguia se alimentar e recebia alimentação "artificialmente". O paciente tinha dores e recebia morfina. "Era um absurdo mantê-lo vivo naquelas condições", afirmou o cirurgião.

2° Relato - 1964:
Um paciente com metástases cerebrais, pulmonares e intestinais generalizadas. Quando as metástases ósseas o atingiram a dor era "violenta".

3° Relato - sem data especificada:
Um paciente com carcinomatose, com bloqueio de rim. "Foi muito triste porque era meu amigo, tinha 52 ou 54 anos."

4° Relato - sem data especificada:
Uma paciente, com idade entre 65 e 68 anos, foi operada quatro vezes em dois anos. Na primeira vez foi feita uma jejunostomia. No início ela tinha 70 kg, após a quarta cirurgia, quando teve uma perfuração intestinal devida a carcinoma, teve uma peritonite, já estava com apenas 25 kg. Nesta ocasião o cirurgião da paciente solicitou ao médico que relatou o fato, que fizesse uma injeção de "M1" (solução a base de fenergan, morfina e outras substâncias) na paciente. Isto foi feito na própria residência da paciente, após ter sido comunicado aos filhos. "Eu fui buscar a medicação e nós dois colocamos no soro. Ficamos aguardando, conversando, por que nós resolvemos que deveríamos estender o mais que pudéssemos o sono, porque a paciente estava muito consciente. E foi feito." Uma das repórteres perguntou se a paciente sabia a havia concordado com o procedimento. A resposta foi a seguinte: "Ela sabia que não podia mais ser operada, mas não sabia que ia receber o "M1". Quem decidiu isso foi a família."

(Jose Roberto Goldim)
(Stella Bonici, para J.Press)

A Eutanásia na Antiguidade



O procedimento tem forte oposição da Igreja Católica e é proibido na maioria dos países. Mas na Antiguidade, antes do surgimento do cristianismo, ajudar alguém a ter uma 'morte boa' era algo permitido e até corriqueiro. 

A maioria dos médicos da Antiguidade era relutante em tratar casos ‘incuráveis’, deixando para os pacientes terminais poucas opções que não a eutanásia. Muitos filósofos da Grécia e Roma antigas consideravam o suicídio uma ‘morte boa’, como resposta apropriada e racional a diversos males. 

Mas, apesar dessa permissividade, o juramento de Hipócrates, feito entre os séculos 5 a 3 antes de Cristo, condena a eutanásia. Segundo Ian Dowbiggin, historiador e autor de "A Concise History of Euthanasia", isso provavelmente ocorreu como uma forma de protesto contra grande número de casos. "Os seguidores de Hipócrates proibiam os médicos de tirar a vida de um paciente. Mas na Roma e Grécia antiga no geral havia uma tolerância grande sobre a autanásia e o suicídio. Geralmente os médicos da época abandonavam o leito quando percebiam que um paciente estava quase morrendo." 

A moral cristã e o fim da 'boa morte'

A atitude dos gregos e romanos antigos a favor da morte assistida encontrou resistência nos primeiros séculos de nossa era: o judaísmo e a emergência do cristianismo criticaram fortemente a morte que não fosse natural. Mais tarde, um grande porta-voz dessa moral foi Santo Agostinho, que, em seu livro “Cidade de Deus” (de 428), argumentou que o suicídio era simplesmente outra forma de homicídio e que, portanto, também era proibido. Os reformistas protestantes que vieram em seguida eram tão ou mais contrários à eutanásia do que os católicos. 

Como era praticada a eutanásia?

Grécia: os espartanos jogavam do alto de um monte os recém-nascidos defeituosos e os idosos; em Atenas, era o Senado que tinha o poder absoluto de decidir sobre a eliminação dos idosos e dos incuráveis. 

Roma: César autorizava o término da agonia de gladiadores feridos, com um movimento dos dedos. 

Índia: as pessoas com doenças incuráveis eram jogadas no Ganges e sua boca e narinas eram vedadas com a lama. 

Na Idade Média, os guerreiros feridos mortalmente tinham direito ao punhal, reconhecendo-se seu uso como ato misericordioso, para evitar o sofrimento prolongado. 

Assim, a eutanásia era admitida na Antigüidade, tanto para eliminação dos imperfeitos, quanto como forma de aliviar o sofrimento, ficando estes dois sentidos misturados durante muito tempo.

(Giovana Sanchez, ao portal G1)

O que é a eutanásia?



A Holanda foi a pioneira em legalizar a eutanásia. Mais de 10 anos depois, o debate sobre o assunto pega fogo no mundo todo. Afinal, o que é a eutanásia?

O termo eutanásia vem do grego, podendo ser traduzido como "boa morte"ou "morte apropriada". O termo foi proposto por Francis Bacon, em 1623, como sendo o "tratamento adequado às doenças incuráveis". De maneira geral, entende-se por eutanásia quando uma pessoa causa deliberadamente a morte de outra que está mais fraca, debilitada ou em sofrimento. Neste último caso, a eutanásia seria justificada como uma forma de evitar um sofrimento acarretado por um longo período de doença. 

Não pode ser confundido com um outro termo que é a ortotanásia, que é utilizar os meios adequados para tratar uma pessoa que está morrendo, aos cuidados paliativos adequados prestados aos pacientes nos momentos finais de suas vidas.

Existem dois elementos básicos na caracterização da eutanásia: a intenção e o efeito da ação. A intenção de realizar a eutanásia pode gerar uma ação (eutanásia ativa) ou uma omissão, isto é, a não realização de uma ação que teria indicação terapêutica naquela circunstância (eutanásia passiva).

(José Roberto Goldim, UFRGS)

Painel sobre necropsia



As Ligas Acadêmicas de Medicina Legal e de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Passo Fundo promoveram no dia 15 de maio, um Painel sobre Necropsia. Os palestrantes do evento foram o Dr. Marcelo Pimentel, perito médico legista, que abordou o tema "Como é feita uma necropsia" e a Dra. Daniela Schwingel, médica patologista, que abordou o tema "Necropsia: a visão do patologista".

Com um público esperado para o evento de entorno de 100 participantes, o evento mostrou-se um sucesso com uma platéia estimada em 350 a 400 participantes, tendo que ser realocado do anfiteatro para o auditório.








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