quarta-feira, 11 de junho de 2014

Como se identifica um cadáver pela arcada dentária?


Pela comparação entre as chapas de raios X feitas pelo dentista do suposto falecido e chapas dos dentes do cadáver tiradas exatamente do mesmo ângulo. Essas imagens são sobrepostas em computador para aferir semelhanças no formato dos dentes e eventuais trabalhos odontológicos, como restaurações, canais, coroas e próteses. “Intervenções como essas são especialmente indicadas para a identificação, pois costumam possuir um desenho geométrico bem definido e diferenciado” afirma o médico forense Malthus Fonseca Galvão, do Laboratório de Antropologia Forense do Instituto Médico Legal de Brasília. De uma maneira geral, qualquer informação na ficha odontológica da pessoa pode ajudar nessa comparação – principalmente irregularidades como dentes tortos, encavalados ou espaçados. “A soma dessas características é que vai fornecer uma base segura para a conclusão dos peritos”, diz outro médico forense, Eduardo Daruge, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

No caso, porém, de o suposto falecido não ter deixado chapas de raios X, resta a alternativa de usar uma foto em que ele apareça sorrindo ou mostrando os dentes de alguma outra forma. Essa imagem é ampliada e sobreposta a uma filmagem frontal do crânio do cadáver, também para comparação do formato dos dentes. Caso não se tenha a menor ideia da identidade do morto, a única informação que a arcada dentária fornece é uma estimativa de sua idade. Pelo menos até os 16 anos, o método oferece considerável precisão, porque as etapas de desenvolvimento dentário – substituição da dentição de leite pela permanente e formação das raízes – são aproximadamente iguais para todo mundo. Já em adultos, essa análise não é nada confiável, pois os indicadores de idade passam a variar muito – um exemplo é o desgaste dos dentes, que varia conforme a alimentação.

Além de serem a estrutura mais resistente do corpo, capazes de resistir à carbonização em temperaturas de até 800°C, os dentes apresentam outra vantagem: é neles que fica preservado por mais tempo o material genético de uma ossada. Os peritos, porém, costumam deixar esse tipo de análise em segundo plano, devido ao alto custo e à dificuldade da extração do DNA dos dentes – mas isso não prejudica seu trabalho. “Consideramos a identificação pela arcada dentária tão confiável quanto a feita pelo DNA”, afirma Malthus.

(Gilberto Stam, para Superinteressante)

Nenhum comentário:

Postar um comentário