O procedimento tem forte oposição da Igreja Católica e é proibido na maioria dos países. Mas na Antiguidade, antes do surgimento do cristianismo, ajudar alguém a ter uma 'morte boa' era algo permitido e até corriqueiro.
A maioria dos médicos da Antiguidade era relutante em tratar casos ‘incuráveis’, deixando para os pacientes terminais poucas opções que não a eutanásia. Muitos filósofos da Grécia e Roma antigas consideravam o suicídio uma ‘morte boa’, como resposta apropriada e racional a diversos males.
Mas, apesar dessa permissividade, o juramento de Hipócrates, feito entre os séculos 5 a 3 antes de Cristo, condena a eutanásia. Segundo Ian Dowbiggin, historiador e autor de "A Concise History of Euthanasia", isso provavelmente ocorreu como uma forma de protesto contra grande número de casos. "Os seguidores de Hipócrates proibiam os médicos de tirar a vida de um paciente. Mas na Roma e Grécia antiga no geral havia uma tolerância grande sobre a autanásia e o suicídio. Geralmente os médicos da época abandonavam o leito quando percebiam que um paciente estava quase morrendo."
A moral cristã e o fim da 'boa morte'
A atitude dos gregos e romanos antigos a favor da morte assistida encontrou resistência nos primeiros séculos de nossa era: o judaísmo e a emergência do cristianismo criticaram fortemente a morte que não fosse natural. Mais tarde, um grande porta-voz dessa moral foi Santo Agostinho, que, em seu livro “Cidade de Deus” (de 428), argumentou que o suicídio era simplesmente outra forma de homicídio e que, portanto, também era proibido. Os reformistas protestantes que vieram em seguida eram tão ou mais contrários à eutanásia do que os católicos.
Como era praticada a eutanásia?
Grécia: os espartanos jogavam do alto de um monte os recém-nascidos defeituosos e os idosos; em Atenas, era o Senado que tinha o poder absoluto de decidir sobre a eliminação dos idosos e dos incuráveis.
Roma: César autorizava o término da agonia de gladiadores feridos, com um movimento dos dedos.
Índia: as pessoas com doenças incuráveis eram jogadas no Ganges e sua boca e narinas eram vedadas com a lama.
Na Idade Média, os guerreiros feridos mortalmente tinham direito ao punhal, reconhecendo-se seu uso como ato misericordioso, para evitar o sofrimento prolongado.
Assim, a eutanásia era admitida na Antigüidade, tanto para eliminação dos imperfeitos, quanto como forma de aliviar o sofrimento, ficando estes dois sentidos misturados durante muito tempo.
(Giovana Sanchez, ao portal G1)
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